segunda-feira, 23 de julho de 2012

Porto


As nuvens cinzas de são Paulo estranhamente me fazem lembrar
O mar de Porto de Galinhas, onde eu brinquei de caravelas e construí castelos
Se não fosse eu tão menina teria feito amor na areia, sentir o sabor do sal
Entre fios de cabelo, hoje tão saudosa
E dentre os corais o desenho do mapa do Brasil onde os peixes brincavam de colorir
A noite sempre propicia a se achar tesouros que o mar nos trás de longe, outros portos.
As vielas todas de pedras que doíam o pé mas nunca impediram a pressa dos que correm
Hoje eu seria apaixonada, apaixonante e me entregaria
Apenas por experiência que se carrega por toda vida.

Mayara Stefane

segunda-feira, 23 de abril de 2012

São Paulo Chora

Entre becos e ruas a escuridão dorme
Seus filhos desgarrados se ocupam com pensamentos insanos
Loucura que profana solo sagrado
E nos transforma em conflito existencial 
O sol não acorda, eu muito menos
Entre cigarros e desespero meu ser se recolhe
Madrugada fria que derruba lágrimas de sangue choradas pelos deuses
Não sei por qual razão, mas aqui me encontro
Perdida entre a Augusta e a São João
Com a missão de não ser como os outros
Indiscutivelmente incoerente
Raios e trovões refletem a obscenidade presa em cada janela
Fumaça presa entre os dedos, e as lembranças entre os fios de cabelo
A duvida incessante martelando a alma e o espelho
Cortinas velhas paredes caídas, imóveis repletos de recordações
Vidas mal vividas
Vinho barato na mesa e copos pela metade
Evoé, Dionísio limpe a impureza dessa cidade e de minha alma
Tão acostumada a pecar inocentemente
Faz grito, chuva e ressaca
Luz na penumbra e vida pela metade
A lâmpada não acende
Nem a chama do meu coração
E o desejo do meu sexo
Tão virginal em meio aos puteiros da Bento Freitas
Um banquete estendido a vida
Celebra o que ainda está por vir
Salve São Paulo!



Por: Mayara Stefane e Priscila Lima

domingo, 8 de abril de 2012

Infante, evocando Marilyn



Infante que bebe para anestesiar a dor, acalentar suas lagrimas de tom escuro pintando em seu rosto desilusão.
Hoje eu estava exausta de minha mascara e ouvi uma voz suave me elogiar, disse-me tu és beleza rara de mistério absoluto.
Após uma longa prosa sem sentido algum voltei para casa, sentei-me na cama e adormeci por algumas horas... 
Infante que nada aprendeu com o tempo que mesmo depois de apanhar oferece a face para aqueles que ao menos lhe apreciam.
Infante que cansada está de sonhar com aqueles distantes de olhares vagos ou para o outro lado, de amores platônicos saturados sem cessar.
Infante que dispensa boas oportunidades presentes por um futuro surrealista que pode não chegar, preza a imaginação dispensando a lógica, nascida em outra época onde a paixão era carnal e os enredos sempre os mesmos dançando bossa nova ia escondida até a cachoeira seu amor proibido encontrar.
Fechei a porta e lá estava marilyn Monroe a rir, esqueça suas duvidas e segue a brisa do vento noroeste, acredita em teu nome e não guardes sinais despretensiosos dos homens de meia idade.
Ria, ria, ria ela dizia entre a névoa clara e a fumaça densa de seu cigarro, liberta teu caos e esconde tua Inocência infante faça notar sua insanidade e acredites em seu nome.
Porque ele tocou meus braços e percorreu os dedos por entre minhas pernas, ele acariciou com palavras meu ego tocou meu sexo e beijou meus lábios.
A noite estava fria e eu acordei sufocada pelos lençóis de uma cama vazia, ela disse que é preciso aprender a sonhar por prazer e não para amar.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tola Apaixonada


Eu me joguei do viaduto da castelo e agora estou bebendo sozinha em meu quarto as três da tarde, horário nada propicio eu sei.
Eu te conheço a pouco, mas já sei que não perderia sequer um instante para pensar em mim, afinal quem sou?
Tola apaixonada, mas eu ouvi por ai em qualquer letra esquecida de alguma canção que apenas os fortes se apaixonam então, porque me sinto vulnerável com sua presença?
Minha garrafa de inspiração já esta pela metade e você não chega e nem chegará.
Espero-te no beco de alguma rua vazia esquecida por Deus e segurança, eu não sei como chegar a sua casa ou qual o modelo do seu carro que faremos amor, mas sei, eu sei que esta noite eu me contorci de prazer entre os lençóis de minha cama sentindo seu cheiro.
Você cheira a cigarro e a vinho, cheira como irresponsabilidade perdida no tempo de 1980 quando ouvia bandas de rock em LP e fingia ser adolescente.
Eu me lembro de quando andando na chuva idealizando alguém perfeito, nos meus conceitos, que viria me beijar no meio da rua e este se parecia muito com você.
Anestesiada pela morfina das marcas do tempo que me impedem tentar aproximação de algo tão verdadeiro, perigo estampado em seus olhos anunciam os tambores.
Afasta-te, avisto a saída de emergência e resolvo tentar quando me impedes com meia dúzia de palavras baratas que ascendem novamente a chama da esperança.
Tola apaixonada, manipulada por frases direcionadas a outra dita o ditador, paira no ar a duvida trazida por corvos e abutres que querem o meu fim para que possam se alimentar de mim, de minha criatividade imoral jogada a tantas na 25 de março.
Ouço a risada de Paola, um dia eu tentei parecer santa e disseram que eu mais parecia uma vil prostituta, calem-se eu conheço o significado de virtude a qual não tenho, mas posso fingir como outras tantas.
Não quero que me digam se coleciono garrafas ou amores mal sucedidos, perdidos, mil versos inacabados pela falta da verdade e coragem não estampadas em meu peito.
Tola apaixonada, apaixonada pelo poeta que não me faz musa nem a mim usa como instrumento ou mesmo para amar.
Olho para o céu e apenas vejo fumaças acinzentadas, as estrelas escondidas por trás de mascaras e ninguém se da conta da beleza. Faça mulher a menina mal amada e profetiza de templos ainda não conhecidos pelo homem, sem afinidade alguma com o mundo exterior eu caminho em direção a orla que me aquieta, faz-me parecer poeta.
Fraude! Alguns tolos gritam e protestam sobre minha capacidade, de amar, criar, sentir e fazer notar.

Escrito por Mayara Stefane

quarta-feira, 4 de abril de 2012

texto da meia noite


Insônia, hoje qualquer tentativa de uma noite de sono será em vão, porque pouso meu braço do outro lado da cama e você esta ali. Não fisicamente, mas ecoas como fragrância de perfume barato em minha mente.
Fui para todos os lugares que juntos estivemos, por mais casual que tenha sido pra você.
No corredor, prendeu meu corpo contra a parede, aproximou os lábios dos meus, me leu com olhos devoradores de predador e em mim sentiu o cheiro de presa fácil.
Não nego, estou rendida e não tenho vontade alguma de me desprender de você, te chamo para um lugar mais reservado onde os olhos curiosos não possam nos ver.
Eu estava enciumada por hipóteses imaginarias e incoerentes. Suas mãos tremem, seus dedos tocam meu rosto, te digo que tens mãos de anjo, talvez mais delicadas que as minhas. Diamante bruto, lapida-me, Eu peço.
Abro os olhos, levanto e acendo um cigarro, sento-me em uma cadeira de madeira maciça, seu formato me faz pensar que é única, desenhada por algum carpinteiro em horas vagas.
Volto no passado não muito distante quando o esperava na saída de algum lugar, as luzes não estavam completamente acesas e o mundo lá fora não parecia existir quando o avistei, me prendes pelo braço, meus nervos se contraem sem duvidas de tensão.
Pergunto o que esta acontecendo e você diz nada irá me acontecer, não entendo o que quer dizer e nem faço questão.
Os corpos aninhados um ao outro, olhares fixos como ordenou o poeta, peço em sussurros por seu beijo e você me acata, sinto seu jeans reagir a nossa comunhão de pensamentos depravados, tudo se desfaz era mais uma peça da minha mente traiçoeira!
Pulo a frustração acendendo o ultimo cigarro.

(Mayara Stefane)

A Hipócrita

Seus passos me guiam, mesmo sem querer!
Seus olhos me mostram o certo e o errado.
Pensando bem, acho que gosto do errado,
Todos gostamos no outro sentido da palavra!

Tudo o que faço é para impressionar 
E quando não, é porque viajei...
Viajei com você pelo túnel do tempo 
da minha mente!
Somos íntimos em minha cama sem o seu
consentimento, são meus pensamentos.
É a minha pele quente contra a sua.
É um aprendiz despertando.
Te olho e me nego, é difícil reagir quando seu jeans
me chama mais atenção que palavras!
É difícil esconder, quando meu corpo todo denuncia!
Meus olhos brilham de paixão, tesão, admiração
e sei lá mais o que!
Hoje, eu criei tantos subtextos pra você
Pena! Não os conhecer...
Nessa atmosfera desconhecida que me mostrou,
Eu ficarei!
Quando você sorriu hoje, eu me peguei sorrindo também.
Um tanto bobo, eu sei! Quando você me olhou, me senti nua!
Talvez, porque eu quisesse estar, talvez porque devesse.
Um dia os dois embriagados no meio da rua de algum teatro,
Te falarei meus desejos! Provavelmente faremos amor.
E no dia seguinte, ah no dia seguinte! Poderei culpar a embriaguês.
Voltar a hipocrisia, ao medo de amar outra vez!!!


(mayara Stefane)

Vagos sentimentos

Já é noite e eu deixei a tv no mudo, não existe proveito nisso, lixo imundo.
Congelada como a grama pelo orvalho da manhã, eu penso.
Os homens de nenhuma expressão em suas faces, o que querem dizer no silencio?
Procuro as respostas nas palavras de Clarice e acabo por encontrar novas perguntas.
Clamo por um descanso. Não haverá dia que não me equivocarei? Acho que não.
Pobre criança! Escuta tua mãe, ouve teus pensamentos perdidos em algum abismo de desilusão passada. Liberta-te da sua incoerência e dor. Acalenta tua alma necessitada de amor, não negues mais. Cria coragem e olhe nos olhos do seu demônio interior, agora!
Anda, anda em passos largos e encare o espelho, teu reflexo distorcido de realidade.
Acendo mais um cigarro e me lembro então de sonhos antigos, perdidos, da menina de olhos meigos sem receios. Lembro-me da inocência, da pureza, mediocridade e da ignorância que me ascendiam o sorriso.
Ouço ruídos, são meus fantasmas gritando em tormento para ela:
- Cala-te, cala-te!



(texto de Mayara Stefane)

Impura

Hoje, na calada da noite com a permissão de Dionísio, te desejo!
Tomei a fruta dos Deuses, seu sabor me fez perder os pudores.
Como achas que posso dormir, te vendo invicto pela saída emergencial 
dos meus pensamentos?
Ah! Sua pele! Sinto o sabor deste lado da sala, me perco em luxuria, 
mas, Baco perdoará meus pecados!
Evoé! Eu gritei na madrugada, pois perturbas minha mente como o álcool 
para dependentes. Arrepia-me com o olhar e eu me pergunto: “O que fazer?”
És o infortúnio dos amores não correspondidos, dos desejos não saciados da 

carne, das partes baixas e vulneráveis.
Anjo bacante tira minha virtude inexistente em tua cama de escuros lençóis.
Fingiremos inocência, pois o orgasmo meu será melhor.
Possua-me como desejas, é a minha vontade oculta, leia-me! Eu imploro e 

grito em orações. Minha maldita timidez retém meus atos, não sou como as
outras, sou astro de malicia e pervertida como as ninfas da meia-noite.
Tic Tac! O tempo corre, o prazer escorre e tu não podes sentir, LEIA-ME!
Infeliz será aquele que não provar meu sexo, guardião de segredos impuros 

ouça meus gemidos, remetentes da mesma singela mensagem:
Ouça-me!



Texto de: Mayara Stefane